David Arrigucci Jr.,
referindo-se a Rubem Braga, o mais notável de nossos cronistas,
sugere que “a crônica é a forma complexa e única de uma relação
do eu com o mundo (...). Uma arte narrativa, enfim, cotidiana e
simples, enroscada em torno do fato fugaz, mas liberta no ar, para
dizer a poesia do perecível.”
Se é assim, esta coletânea de crônicas pode ser considerada um tributo a esse gênero literário, na medida em que o autor, sempre posicionado como observador discreto, joga luzes sobre ocorrências efêmeras, traçando um retrato sensível de pessoas, animais e lugares que de despercebidos são alçados a protagonistas (por que não heróis?) do cotidiano.
Enfim, como anunciado na primeira de suas crônicas, este é um livro que celebra os mais comezinhos momentos que pululam por aí. Espalhados por toda parte, estão disponíveis a quem quiser enxergá-los como “poesia do perecível”.