Existe um dia de descanso para a cidade
Neste dia ela não tem que suportar as rodas dos veículos
Eles que lhe pisam tanto
São dispensadas de reverberar o grito das buzinas
Seus prédios ganham exuberância
Suas vielas, avenidas, ruas se exibem nuas
Os semáforos – sossegados, ociosos, prescindíveis – conversam entre si
Estacione onde quiser
Há vagas, todas
Há silêncio e beleza na cidade fantasma
Senta aqui no asfalto
Deita no cruzamento
Posso tirar uma foto sua
Dessas que são improváveis
É só hoje
Amanhã tudo volta
As buzinas, o barulho, a pressa, o grito dos desesperados
E as pessoas
Elas vão chegar com a ilusão de que tudo vai mudar